Prefeitura e Iphan entregam a obra de restauração da Igreja da Matriz

por André Candreva publicado 27/03/2018 09h17, última modificação 27/03/2018 09h17

Fonte: Secom / Prefeitura de Congonhas

 

A cidade histórica de Congonhas ganha um importante presente no período que antecede a Semana Santa e a Páscoa: dia 30 de março, às 10h, um ano e sete meses após o início da restauração dos elementos artísticos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, fiéis e admiradores da arte barroca irão se deparar com o resultado de um minucioso trabalho realizado nos seus elementos artísticos integrados, altares, Arco do Cruzeiro e o Coro. Além do público e das autoridades locais, participarão da solenidade a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, e o diretor do PAC Cidades Históricas, Robson Almeida. A inauguração é uma obra do PAC das Cidades Históricas e integra a programação do Circuito Cultural dos Museus de Congonhas.

 

A restauração da Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição está inserida no pacote de dez obras do PAC Cidades Históricas, selecionadas pelo Iphan, para execução em Congonhas. O Município é o primeiro de Minas Gerais em volume de obras já entregues ou em execução por meio deste programa. Antes do início das obras, o projeto de restauração da Matriz contou com outros parceiros: foi elaborado pela própria Igreja com dinheiro do dízimo e das comunidades, e revisado pelo Iphan e pela Prefeitura, que ainda ficou responsável por executar e fiscalizar a obra.

 

O valor do contrato firmado entre Prefeitura e a empresa Cantaria Conservação e Restauro, por meio de processo licitatório, para a execução da obra na Matriz foi de R$ 1.398.370,69. O Governo Municipal contribuiu ainda com mão de obra especializada, disponibilizando as equipes técnicas da Diretoria de Patrimônio Histórico, ligada à Secretaria de Gestão Urbana, da Secretaria de Planejamento e da Secretaria de Obras.

 

O restauro do suporte e da policromia dos elementos artísticos da Matriz reconstituiu a integridade do material e a leitura visual, segundo Sérgio Norberto Gonçalves, coordenador do serviço pela empresa. “O objetivo foi alcançado. Conseguimos retomar as características físicas e mecânicas suficientemente para mantê-las íntegras, porque são essenciais para o prolongamento da vida útil destes bens. Removemos grande parte da pintura de alguns elementos artísticos, como o Altar-Mor, onde chegamos à pintura original em maior parte e conseguimos uma leitura muito boa do original e das intervenções", afirma.

 

O Altar-Mor foi todo recuperado. As imagens do coroamento encontravam-se amarradas com arame, apresentavam repintura e perda de elementos. O estado avançado de deterioração da madeira do coro necessitou de uso de microesferas de vidro para fortalecimento da estrutura. A camada pictórica recebeu proteção durante o serviço. O elemento inteiro foi nivelado. O Arco do Cruzeiro, que a exemplo do Altar-Mor é atribuído ao entalhador Francisco Vieira Servas, pelo especialista Adriano Ramos, teve a tarja tratada e reinstalada de forma adequada. Uma asa do anjo voltou à posição original. A exemplo dos outros elementos artísticos, os altares laterais e colaterais também foram higienizados, imunizados e envernizados. Em alguns pontos do coro, a repintura foi removida e reintegrada.

 

Sérgio relembra o momento emocionante, no início dos trabalhos, quando dois malhos e uma verruma foram encontrados no Arco do Cruzeiro. “Tudo leva a crer que as ferramentas pertenceram ao entalhador português, Francisco Vieira Servas (1720/1811). Esta descoberta tem muito a contribuir até para o estudo da obra de Servas. A Matriz poderá se tornar foco de estudos, dos quais surgirão novas teses”, afirma.

Para o pároco da Igreja Matriz de N. Sra. Da Conceição, Padre Paulo Barbosa, “em Congonhas houve um trabalho muito bem feito, primeiro pensando-se na base, para depois recuperar os elementos artísticos, respeitando-se as etapas. Nunca vi um local assim, onde o povo, a Administração Municipal e outras lideranças, o Ministério Público, o Iphan e a Arquidiocese são tão preocupados com Igreja. Agora nós, padres, o fiel, o peregrino e o turista cultural precisamos nos conscientizar sobre a necessidade de preservar nosso patrimônio”.

 

A Igreja ficou parcialmente fechada desde o início das obras em agosto de 2015 e totalmente desde setembro de 2016. “Agora vemos como ela é belíssima na sua construção e estava toda deteriorada. Ao visitar o Altar-Mor, fiquei encantado com o azul de Maria e o sacrário. A maior igreja barroca sem coluna do Séc. 18 voltar a ser também a mais bela das que eu conheço”, afirma o pároco.

 

A Matriz exerce grande importância para a cidade. “Todos os católicos de Congonhas se veem na Matriz, para o casamento, batizado, acolhimento. Ela tem uma centralidade no sentido religioso. Dom Geraldo Lyrio Rocha [Arcebispo da Arquidiocese de Mariana] se dirigiu a ela assim: ‘Que igreja bonita, parece uma mãe acolhendo os filhos’. O Bom Jesus é o filho de Deus, é a peregrinação do povo todo e a Matriz é o carinho da mãe. São José Operário, presente em outra Matriz, na Ladeira, completa a Santíssima Trindade".

 

Ainda segundo o pároco da Matriz de N. Sra. da Conceição, “Dom Geraldo atribui a Congonhas a dimensão arquidiocesana, em decorrência de toda essa religiosidade, da história e do patrimônio mundial presente na cidade. O Museu deu uma grande visibilidade para Congonhas e agora estamos percebendo que vivemos em um conjunto de arte, cultura e religiosidade. Até então, falava-se somente de Aleijadinho. A restauração destacou a escola de Francisco Vieira Servas”, pondera o pároco.

 

Paranaense, Conceição Severino M. Cândico, 62, exerce atividades na Igreja Matriz desde 1975, sendo, desde 2000, zeladora e sacristã. “Esta obra completa as anteriores e representa um grande avanço. Hoje, quando olho para o Arco do Cruzeiro, fico tão feliz e não vejo a hora de chegar o dia da inauguração para que todos vejam o resultado deste trabalho”, afirma. Para Conceição, “a Igreja é lugar de acolhida e agora apresenta muito melhores condições para a realização das atividades pastorais. As pessoas já vão chegar com mais vigor e entusiasmo”.

 

Com mais de 40 anos de trabalho voluntário, inclusive naquela Paróquia, líder comunitário e membro de um instrumento participativo neste processo de restaurações e requalificações em curso em Congonhas, que é o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Sr. Afonso Corrêa aguarda com ansiedade a reabertura da Igreja. “Participei de ações que garantiram a integridade estrutural e outras melhorias para o prédio da Igreja. Agora eu e a comunidade estamos satisfeitos. Nunca tinha visto um cuidado como este com os elementos artísticos da Matriz. Como eu e minha esposa ajudamos a implantar o Dízimo aqui, posso dizer que agora ele vai aumentar, porque a comunidade reconhece todo o esforço empreendido nesta obra e sabe que parte do Dízimo foi empregado no projeto desta obra”, comenta Sr. Afonso.

 

A esposa Maria Bernadete Corrêa pede aos frequentadores da Matriz mais cuidado com aquele templo católico a partir de agora:  ”Precisamos zelar pela conservação deste nosso patrimônio artístico e religioso, tomando pequenos cuidados no dia a dia”, diz.

 

Conjunto de artes e de possibilidades

 

Secretário de Planejamento da Prefeitura de Congonhas e coordenador das obras do PAC Cidades Históricas em Congonhas, Antônio Odaque da Silva afirma que esta série de requalificações de bens tomados e espaços públicos irá estimular os empreendedores dos segmentos gastronômico, hoteleiro, de entretenimento, de turismo cultural e religioso a se prepararem para receberem mais e melhor os turistas. “Seja na forma de atendê-los, na apresentação ou na qualidade dos serviços oferecidos, para que promovamos essa cadeia de crescimento e de circulação na economia local. Esses investimentos todos visam a também minimizar o desemprego. Congonhas já realiza vários eventos culturais e de entretenimento que atraem um afluxo de pessoas. Trabalhamos para que os pequenos empreendimentos se desenvolvam, mesmo neste momento de crise econômica”, afirma. 

 

Conscientização

 

Após a conclusão dos trabalhos de requalificação pela cidade, será necessária uma ação intensa, na avaliação da Prefeitura e do Iphan. “Fizemos um grande esforço de restauração, agora temos de dar a manutenção adequada a esses bens, e a guardiã é a comunidade. Não sabemos quando teremos novos investimentos para promover obras como essas”, alerta a superintendente do Iphan em Minas Gerais, Célia Corsino.

 

Congonhas saiu na frente

 

Com o lançamento do PAC CH, o Município apontou vários projetos de restauro de bens tombados e requalificação de espaços públicos localizados na área de ambiência histórica, para propiciar mais conforto ao congonhense e ao visitante. Destas, dez ações foram aprovadas pelo Iphan. Somente a estabilização do Adro da Basílica será executada diretamente pelo órgão federal.

 

O diferencial da Prefeitura foi ter elaborado os projetos e os enviado com as planilhas ao Ministério da Cultura (MinC) e ao Iphan. As partes assinaram o termo de compromisso. Cinco obras foram licitadas pela Prefeitura. A Igreja do Rosário e a Alameda das Palmeiras já são utilizadas pelos congonhenses. A Basílica e o Parque Natural da Romaria seguem em obras. Outras quatro ações estão em estudo em Brasília.

“Espero que Congonhas seja a campeã de obras deste programa. Esta parceria com a Prefeitura possibilita qualificar importantes espaços culturais. Esta cidade é exemplo de como se faz gestão compartilhada de patrimônio entre União, Município e Igreja. Estamos ampliando a dinâmica cultural de Congonhas, que saiu mesmo na frente”, avalia Célia Corsino.

 

Obras que se complementam

 

No início desta década, a Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição apresentava problemas arquitetônicos e também no telhado, forro e outras partes do prédio. O Ministério Público, por meio do promotor de justiça, Dr. Vinícius Alcântara Galvão, conseguiu uma verba indenizatória de R$ 76 mil, oriunda de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que, somado à contrapartida da Igreja, possibilitou a elaborar o projeto estrutural. A Igreja custeou a pintura, a recolocação dos bancos (R$ 120 mil), a sonorização (R$ 80 mil) e outras ações de melhorias que foram concluídas em 2014. “Só poderíamos chegar à restauração dos elementos artísticos, realizada agora, se houvesse antes a estrutural”, enumera Pe. Paulinho.

 

Nos últimos anos, a Matriz também teve o telhado reformado, a elaboração e execução do projeto elétrico,  além da recuperação da porta e cimalha laterais (do lado do Casarão), ações estas executadas pela Prefeitura. Também passou por desmonte e desinfecção dos altares colaterais, reintegração e limpeza do Altar-Mor, por meio de convênio com Iphan e Prefeitura.

FranRetly
FranRetly disse:
23/07/2019 04h04
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