Mineradora alerta DNPM sobre risco de novo acidente em Itabirito

por André Candreva publicado 26/03/2018 20h54, última modificação 26/03/2018 20h55

Fonte: Jornal Hoje em Dia

 

 

Pouco mais de um mês após um deslizamento que causou a morte de dois operários, um novo acidente pode ocorrer nas barragens da Herculano Mineração, em Itabirito, região Central de Minas. Em alerta emitido ao Departamento Nacional de Produção Mineral de Minas Gerais (DNPM), a própria empresa reconhece um problema nas bacias de contenção e teme novo rompimento.

 

Segundo a mineradora, as sondagens que foram feitas no solo mostraram que a encosta está em movimento, o que pode afetar as barragens B4 e B1, além de gerar consequências para os cursos d’água da região.

 

O documento, ao qual o Hoje em Dia teve acesso (fac-símile ao lado), foi encaminhado para o DNPM no dia 20 deste mês e deixa claro que pode haver um colapso na estrutura da B4, o que geraria um acidente ambiental. Sobre a B1, a empresa informa que também há risco de deslizamentos que podem afetar as outras bacias, B2 e B3. Nesse caso, os impactos seriam extensivos ao Ribeirão do Silva, que faz parte da bacia do rio das Velhas.

 

“Caso ocorram novas movimentações por sobre as mesmas, este material pode ficar retido em sua bacia, sem atingir o Ribeirão do Silva, como já ocorreu no acidente de 10 de setembro. Mas é necessário alertar que, se os volumes deslizados forem muito grandes, pode haver extravasamento e, neste caso, atingir a bacia do Ribeirão do Silva”, explica o documento.

 

O alerta também foi encaminhado para o Corpo de Bombeiros e para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). O problema foi descoberto durante estudos e obras que estavam em andamento na área da mineradora. A causa é atribuída a fenômenos geológicos que também teriam provocado o deslizamento na B1, no mês passado.

 

Em nota, a Herculano Mineração informou que “a descoberta desses canais subterrâneos pode ser a confirmação da tese de que há um fenômeno geológico novo naquela região, que pode ter sido responsável pelo rompimento da barragem B1 e é uma ameaça às outras barragens”.

 

A solução definitiva para o problema é a retirada de todo o material das barragens, o que levaria cerca de seis meses e só poderá ser feito após o período chuvoso. De acordo com o comunicado emitido pela mineradora, “esta operação somente poderá ser realizada no próximo ano, mas não se afasta a possibilidade de a encosta se desestabilizar ainda durante este período chuvoso”.

 

Além de avisar às autoridades competentes, a empresa agora realiza monitoramentos remotos da área e adota todas as medidas possíveis para evitar a perda de vidas humanas.