Novos estudos ajudam a combater a contaminação dos recursos hídricos

por André Candreva publicado 26/03/2018 21h07, última modificação 26/03/2018 21h07

 Fonte: Estaminas

 
Dinâmica já abordada em estudos anteriores, a forte presença de arsênio em rios de Ouro Preto, Mariana e Barão de Cocais, no Quadrilátero Ferrífero, vem sendo melhor compreendida depois de uma parceria entre as universidades Federal de Ouro Preto (Ufop) e Estadual Paulista (Unesp) – Câmpus Sorocaba. Pesquisadores de ambas as instituições desenvolvem estudos laboratoriais, cujo objetivo é verificar a relação das substâncias húmicas (SH) – oriundas do húmus, e parte da taxa de carbono orgânico dissolvido (COD) – na conservação das águas da região.
 
A seleção e a coleta de amostra de água e húmus em diferentes pontos com maior concentração de arsênio e/ou SH visa descobrir qual a influência dos elementos metálicos nos recursos hídricos. A partir dos primeiros resultados concretos, previstos para o fim de 2015, será possível propor novas formas de tratamento das águas dos mananciais e seus efluentes.
 
Os trabalhos são coordenados pelos professores Hubert Mathias Roeser, do Departamento de Engenharia Ambiental (Deamb) da Ufop, e André Henrique Rosa, da Unesp – com a colaboração dos departamentos de Geologia (Degeo) e de Química (Dequi) da universidade ouro-pretana. São medidos o pH, a temperatura e a taxa de COD, necessária para avaliar a qualidade da água em brejos, pântanos e empoçadas. Dependendo da concentração, a taxa favorece o acúmulo de elementos metálicos. 
 
A existência de elementos como ferro e arsênio influencia diretamente no transporte, reatividade e toxicidade das substâncias húmicas no meio ambiente da região. A inexistência de pesquisas associadas ao comportamento do arsênio na matéria orgânica natural foi um dos motivadores para o grupo de pesquisa, que, há cerca de 20 anos, avalia a qualidade das águas nas cabeceiras do Rio Doce e seus principais afluentes – como os rios Piranga, Carmo, Gualaxo do Sul e do Norte, Piracicaba e Santa Bárbara. No início, eram examinados parâmetros físico-químicos e metais pesados nas águas e sedimentos. Posteriormente, os pesquisadores incluíram a microbiológica (estudo de bactérias) e aspectos hidrológicos. Durante um ano sabático na Alemanha, o professor Hubert Mathias Roeser vem se especializando em COD e substâncias húmicas aquáticas (SHA) para aprimorar as investigações, iniciadas em campo desde 2006.
 
Por enquanto, estão sendo feitas duas campanhas de amostragem: uma no período das chuvas e outra no inverno. A Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), águas doces de classe 1 (destinadas ao consumo humano, depois de tratamento simplificado), estabelece um limite de 0,01mg/l de arsênio. “Trata-se, no momento, de uma fase de um primeiro diagnóstico no projeto. Tendo os primeiros resultados, vamos iniciar um monitoramento”, diz Roeser.