Serra da Moeda é abraçada por mais de cinco mil pessoas

por André Candreva publicado 26/03/2018 21h23, última modificação 26/03/2018 21h23

Fonte: O Tempo

 

A Serra da Moeda, localizada no complexo da Serra do Espinhaço, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte foi colorida de branco foi abraçada por mais de cinco mil pessoas, na manhã desta última terça-feira (21), conforme informou a organização do evento. 

 

O abraço simbólico chega ao seu oitavo ano consecutivo. Sob o lema: O futuro das águas precisa do seu abraço!, as pessoas formaram um longo cordão humano no cume da Serra. O intuito foi o de mostrar que elas se preocupam com a preservação da Serra da Moeda, que é um berço de animais em extinção como o lobo guará e a jaguatirica, dona de espécie nativas de plantas únicas e, ainda, uma divisora natural de águas da bacias do Rio Paraopeba e do Rio das Velhas, responsáveis por cerca por 25% do abastecimento de água da capital. 

 

Descontentes com uma possível reabertura de minas no entorno da Serra e preocupados com os impactos ambientais que isso pode causar para a região, membros da ONG organizadora do evento, a Abrace a Serra da Moeda, e outros grupos como o Instituto Gandarela, o Movimento pelas Serras, o Águas de Minas e o Projeto Manuelzão chamaram também a atenção para a crise hídrica, que também pode afetar mais de 30 nascentes de água do complexo montanhoso. 

 

Tempo 

 

De acordo com a presidente da ONG Abrace a Serra, Maria Cristina Vignolo, o evento mostra a força da mobilização das pessoas contra possíveis ações predatórias de mineradoras na região. Neste momento, o que podemos dizer é que estamos ganhando tempo. A mineração que iria começar seus trabalhos de extração em 2012 não conseguiu seu objetivo. Tudo, graças ao amor das pessoas por este espaço e também pela parceria do Ministério Público, que tem nos apoiado bastante, revelou.

 

Já o morador de Brumadinho, o aposentado José Bonnes, critica o atual modelo minerário. “Não somos contra a mineração, mas deve haver consciência das mineradoras. Precisamos pensar essa exploração de forma mais planejada e inteligente”, afirmou.

 

Segundo Bonnes, o envolvimento de jovens com a causa é animador. A participação deles (jovens) é ativa e temos esperança neles. Não podemos vender o nosso futuro a preço de banana e é por isso que estamos aqui apoiando este movimento tão importante, que deve ser respeitado e ouvido pelas autoridades em meio ambiente, considerou.

 

Ameaças hídricas 

A preservação do patrimônio natural e hídrico da Serra da Moeda está ameaçada. A afirmação é da vice-presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, Ana Amélia Lage Martins.

 

De acordo com ela, o complexo montanhoso deve ser objeto de cuidado do poder público. Temos o direito de dizer não a projetos perversos de mineradoras. A água tem sido negligenciada pelo poder público e pelas instâncias de regulação. Por isso esse movimento nosso de resistência. E a tônica do abraço de hoje garante as águas de amanhã, avaliou.

 

Ana Amélia disse ainda que a principal interessada na reativação da Mina da Serrinha, localizada em Piedade do Paraopeba é a empresa Ferrous Resources do Brasil. Na tarde de hoje, por telefone, a assessoria de imprensa da empresa foi procurada pelo O Tempo. No entanto, ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto.