Velhos caciques de volta as urnas

por André Candreva publicado 26/03/2018 14h50, última modificação 26/03/2018 14h50

Em pelo menos 10 estados e no Distrito Federal, velhos caciques regionais podem voltar a disputar as eleições deste ano para o governo. Alguns deixaram temporariamente os palanques ao eleger seus sucessores. Outros ganham cadeiras no Congresso, mas pretendem voltar ao Executivo em 2010. Alguns deles caíram no ostracismo ou saíram de seus antigos postos pela porta dos fundos, renunciando a seus mandatos ou de cargos importantes. As últimas pesquisas, divulgadas no ano passado, mostram que alguns deles estão próximos ou na dianteira da disputa eleitoral e podem passar à frente até de governadores que pretendem se reeleger.

Com o anúncio do governador José Roberto Arruda (sem partido) de que não vai mais disputar a reeleição no Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC) lidera a corrida eleitoral. Segundo pesquisas do fim de 2009, o ex-governador do DF ganharia de Agnelo Queiróz (PT) se o pleito fosse hoje. Roriz foi eleito senador nas últimas eleições, mas renunciou ao cargo ao não dar explicações convincentes sobre um empréstimo feito pelo empresário Nenê Constantino para a compra de uma bezerra. Apesar de não anunciar oficialmente, o ex-governador deve concorrer este ano.

O prefeito de Goiânia, Íris Rezende (PMDB), é outro político antigo que pode voltar a governar Goiás. Ex-ministro, ex-senador, Íris continua sendo um dos líderes dentro de seu partido e é obstinado pela volta ao Poder Executivo de seu estado. Como ele, figuram nas pesquisas outros políticos que um dia passaram por esse cargo. É o caso do deputado Neudo Campos (PP), que esteve à frente da administração de Roraima e pode retornar. Quando deixou o governo, chegou a ser preso por suspeita de participação em desvios de recursos públicos.

De grande articulador político durante anos, o deputado Jáder Barbalho (PMDB-PA) também pode voltar ao comando do governo de seu estado, depois de praticamente se manter no anonimato, na Câmara. O político, que já esteve à frente da administração do Pará, chegou a presidir o Senado, mas renunciou ao posto depois de ser acusado de envolvimento em desvios de recursos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Pouco depois, também deixou a Casa e, em 2002, chegou a ser preso no Tocantins, onde as fraudes estavam sendo apuradas pela Polícia Federal e Ministério Público. Nas últimas pesquisas, aparece à frente da atual governadora, Ana Júlia Carepa (PT).

Polêmico


Considerado um dos últimos caciques políticos do Norte do país, Amazonino Mendes (PTB), hoje na Prefeitura de Manaus, pode voltar a governar o Amazonas. Seu principal adversário seria o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR). Também ex-senador, Amazonino é um afilhado político do ex-governador Gilberto Mestrinho, morto em julho do ano passado, e ficou conhecido, a partir do fim da década de 1990, quando distribuía motosserras para agricultores desmatarem. Amazonino foi muito criticado pela atitude.

Autor do projeto de lei que criou seu estado, Siqueira Campos é outro cacique da política brasileira que quer voltar ao Executivo. Nas últimas pesquisas ele lidera como principal candidato ao governo do Tocantins, onde esteve por duas vezes, desde sua criação. O político, que aparentemente iria se aposentar depois da eleição de seu sucessor, Marcelo Miranda, que perdeu o cargo recentemente, ganhou sobrevida. Os dois romperam e Siqueira Campos teria hoje como adversária apenas a senadora Kátia Abreu (DEM). Anthony Garotinho (PR) deixou o PMDB fluminense para tentar voltar a administrar o Rio de Janeiro, como fez por uma vez e elegeu sua mulher, Rosinha Garotinho, em outro momento.

No Nordeste também existem as perspectivas pela volta de alguns caciques à política. O ex-governador João Alves (DEM) pode disputar o Executivo com Marcelo Déda (PT), que concorre à reeleição. Nas pesquisas realizadas no ano passado, Alves estava há poucos dígitos abaixo de seu principal adversário. Na Bahia, a esperança da oposição seria Paulo Souto (DEM), um dos afilhados políticos do ex-senador Antônio Carlos Magalhães. Já em Alagoas, o senador Fernando Collor de Mello pode vir a disputar uma eleição para o governo, como já fez antes de tentar uma vaga para o Congresso.

Fonte: Estaminas